segunda-feira, 25 de maio de 2009

28 Naquela Noite


As vozes ressoavam no ambiente em conversa franca e animada.
Parecia que o cantor cantava para cada um de nós.
E de certa forma era assim mesmo pois tínhamos o poder de solicitar as músicas que gostávamos e isto nos dava esta sensação.
E eu ali, ouvindo... Somente ouvindo.
A música era o que menos importava.
Já não prestava mais atenção nem no cantor nem nas vozes dos companheiros de mesa.
Aquela voz doce, ora mais alta revelando entusiasmo incontido, ora mais baixa, calma, quase sussurrada, denotando talvez alguma afeição, talvez um carinho.
Agora já não era mais a voz, também nossos corpos se aproximavam.
Comecei a sentir o seu calor e a sua energia.
Também o seu perfume começou a me envolver como uma aragem de primavera, acolhedora e envolvente.
Uma sensação de euforia e prazer começou a tomar conta de mim.
A cerveja era sorvida, uma a uma, misturada de forma alternada com drinque de anis que ela tanto gostava.
As horas passavam rapidamente e chegou o momento de ir embora.
Ficou uma sensação de um vazio de que muita coisa ainda a ser dita e a ser sentida.
Quem sabe um novo encontro?
Eu sai triste, porém com uma certeza: A partir daquela noite nós nunca mais seríamos os mesmos.
Naquela noite, um sol brilhou dentro de mim e me fez renascer para a vida.

Candido Coutinho

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