domingo, 1 de maio de 2016

2.31 Somos Todos Peregrinos




Numa das missas de Domingo, no meio de tantas pessoas que lá estavam uma especialmente chamou-me a atenção. 

Era um senhor idoso que acompanhava discreta e anonimamente o desenrolar do culto assim como eu e tantas outras pessoas.  Mas eu o reconheci de outro tempo, de muitos anos atrás.

Ele havia sido uma pessoa importante, poderosa, daquelas que impunham respeito, exigiam submissão, demonstrando satisfação pela reverência e apego pelo cargo que desempenhava na época e ao que todos se reportavam chamando-a de Excelência.

Mas hoje em nada lembrava aquela pessoa que conheci outrora. O tempo passou e tudo mudou. Agora ele estava ali como eu e como tantas outras pessoas simples e desprovidas de qualquer vaidade mundana.

O lugar que ocupava na igreja denotava o quanto havia mudado. Já não sentava mais nos bancos da frente da igreja com antes e poucos lhe prestavam reverência enquanto outros tantos sequer o cumprimentavam.

A idade lhe tirara muita coisa além dos cargos e do poder. Também lhe deixara de cabelos brancos, rugas e o corpo frágil e alquebrado. A sua silhueta já não tinha mais aquela altivez e imponência de outros tempos.

Eu fique a observa-lo por algum tempo e refletindo o quando em nossas vidas nos preocupamos em conquistar bens, riqueza, poder, cargos e honrarias, para depois, tudo terminar da mesma forma, tudo perdido no túnel do tempo, como um castelo de areia levado pelo vento.

Assim como eu, talvez muitas pessoas ali presentes também o conhecessem e também o observassem. Umas talvez com indiferença, outras talvez com pena e talvez muitas com compaixão.

O homem poderoso de outro tempo, agora não chamava mais a atenção. Estava ali anonimamente. Não exigia nada, não impunha nada.

Talvez simplesmente quisesse permanecer ali junto a todos e assistir a missa como uma pessoa comum, igual a todos os presentes, sem mais nem menos.

Talvez o tempo e os acontecimentos que a vida lhe proporcionou o houvessem mudado e o transformado em outra pessoa, mais humilde, mais humana mais amorosa.

Talvez sim, talvez não, porém há um tempo em que tudo que possuímos de bens, poder e riqueza já não têm importância.

Pois, na viagem da vida somos todos peregrinos, caminhando lenta e inexoravelmente, desprovidos de bagagem, de qualquer bem, riqueza ou vaidade, seguindo em busca de uma vida verdadeiramente plena de luz, serenidade e de paz.

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