Lembro que eu era bem pequeno e tinha medo
do escuro.
À noite quando o candeeiro apagava e o
breu da noite inundava o quarto eu ficava com um aperto no peito.
Imaginava vultos se aproximando no escuro.
Eram fantasmas, bichos e outros seres assustadores.
O mais temido era o boi-da-cara-preta um bicho
assustador que no meu imaginário vinha durante a noite e levava as crianças que
não estivessem dormindo.
Eu sabia que tinha que dormir para ele não me levar, mas como conseguir dormir se eu estava com medo?
Eu bem que tentava, mas o sono não
chegava.
Então, só restava uma alternativa que era
chamar o meu pai.
Depois de resistir por algum tempo em chama-lo,
pois temia incomodá-lo e que ele ficasse bravo comigo, eu finalmente tomava a
decisão.
Então eu gritava:
- Pai!
- O que foi meu filho.
- Estou com medo.
- Ta bom filho já vou.
E ele vinha no meu quarto e sentava na
minha cama, ao meu lado.
A sua presença me dava uma sensação de
segurança.
Então ele me abraçava com carinho e me
consolava.
- Não tenha medo meu filho, pois tu és um
bom menino e já estas na cama, portanto, o boi-da-cara-preta não vai te levar e,
além disto, eu estarei aqui para te proteger.
Depois murmurava uma conhecida cantiga de
ninar que era como ele dizia “pra chamar o sono”.
- Nana nenê
- Que o bicho vem ai
- Vai embora bicho
- Deixa o meu nenê dormir
Aquela sua voz suave me envolvia e no
encanto da melodia logo eu me acalmava e o meu medo se dissipava.
Depois?
Bem, depois não lembro de mais nada, pois
logo o sono chegava.
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