quinta-feira, 24 de junho de 2010
Madredeus - O Pastor
Com referência a esta belíssima melodia, transcrevo parte do não menos belo texto de autoria de José Itaqui, publicado no Caderno Quarta Colônia do Diário de Santa Maria, edição de 11/06/2010.
Mais Poesia!
"...Madredeus é uma viagem e a Teresa Salgueiro, a intérprete, não é só um rouxinol ou uma cotovia, ela me fala, me toca, mexe e remexe no meu inconsciente e me faz devanear.
" Ao largo ainda arde
a barca da fantasia
e o meu sonho acaba tarde
deixa a alma de vigia.
Ao largo ainda arde
a barca da fantasia
e o meu sonho acaba tarde
acordar é que não queria."
(Pedro Ayres Magalhães)
Ela me deixa num estado melancólico e sem lastro ou panos de fundo, sem lugar, contorno ou forma, preso por sensações sem continente. Como se só viessem sons que despertam coisas e lugares não vividos, mas que a sua voz e canções me levam a este não sei onde. Neste estado sinto-me atravessado de cheiros elementares carregados de sal, de terra, de rios e de mar. São sensações soltas que a sua voz aguda trás de fora da poesia e que tocam na alma por ondas de arrepios. As suas canções mais que notas musicais, elas têm a química de uma saudade que, todavia não teve tempo ou espaço para se expressar e ganhar corpo em mim.
"Entre mim e o que em mim
é o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim"
(Fernando Pessoa)
A música, a boa música, é, ante de tudo poesia e é a falta de poetas que carecemos. A poesia é tão fundamental que o IBGE deveria tê-la como um dos itens do cesto básico. Sim! Junto com o arroz, feijão, leite, carne, frutas e verduras. É necessário, por uma questão de saúde pública, fomentar a produção e o consumo da poesia. (José Itaqui)
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