sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

17 Mar a dentro

Foto: Candido Coutinho

Viagem final, como nau peregrina
Singrar pelo mar, cumprir sua sina,
Horizonte a caminho é só esperar,
Navegar um instante, para logo aportar.
No convés ecoa o grito derradeiro,
Ordem final do velho marinheiro:
- Lançar amarras, navio ao caís!
Desfraldar velas, nunca mais.
Um ser preso e amordaçado,
Ao destino esta amarrado,
Buscar outro mar é preciso,
Talvez na imensidão do paraíso.
Quem dera pudesse evitar,
Que a sorte o viesse levar,
Mas o seu fado vem certo e forte,
Incapaz de mudar o seu norte.
- Oh, Deus do Universo, eterno timoneiro:
- Leva minha alma sofrida por inteiro!
- Mar a dentro, num sono profundo,
- Meu lugar, anseio buscado, num segundo!
Mas Ele, na sua infinita grandeza,
Reservou outro mar, com certeza,
Seguir o destino, em outra jornada,
A um porto seguro, uma nova morada.

Candido Coutinho

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